
Um levantamento do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) revelou que familiares de mais de 200 vereadores da Bahia foram excluídos de programas sociais federais, como o Bolsa Família e o Auxílio Gás, após cruzamento de dados de renda e cargos públicos. A ação faz parte do pente-fino nacional iniciado em 2025, que revisa cadastros do CadÚnico para garantir que os benefícios cheguem a famílias realmente em situação de vulnerabilidade.
Segundo os dados, os beneficiários irregulares incluíam cônjuges, filhos, pais e irmãos de parlamentares municipais. Os casos foram registrados em mais de 150 municípios, desde cidades pequenas como Catolândia, Cordeiros e Boninal, até municípios maiores como Cachoeira, Guanambi e Madre de Deus.
Entre os exemplos, estão:
- Fernando Gomes de Sena (MDB), de Cabaceiras do Paraguaçu, cujo irmão recebia Bolsa Família e Auxílio Gás;
- Marcelo Conceição Castro (PT), de Boquira, com dois familiares cadastrados;
- Marisvaldo Silva de Souza (União), de Caldeirão Grande, cujo pai ou mãe recebia benefícios;
- Warlem de Almeida Silva (PSD), de Itabela, e José Santana Costa (MDB), de Lagoa Real, cujos cônjuges e filhos estavam no Auxílio Gás.
O MDS explica que a exclusão ocorreu após o cruzamento entre a folha de pagamento pública e o CadÚnico, identificando membros de famílias com rendimentos incompatíveis com os critérios dos programas. O pente-fino nacional já resultou na exclusão de mais de 1,2 milhão de famílias em 2025, sendo que na Bahia os cancelamentos ultrapassaram 85 mil registros, o segundo maior número do país, atrás apenas de São Paulo.
A análise partidária revelou que os PSD e Avante lideram o ranking de políticos com familiares excluídos, com 25 e 24 casos, seguidos por PT e União Brasil (14 cada) e PP e MDB (12 cada). Os dados indicam que municípios com até 20 mil habitantes concentram a maioria das irregularidades, locais onde os vínculos familiares e a fiscalização costumam ser mais frágeis.