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Em conversa com Trump, Lula defende que crise na Venezuela seja resolvida de maneira diplomática

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu brevemente a situação da Venezuela com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante conversa telefônica realizada na segunda-feira (6). De acordo com fontes próximas à interlocução, Lula defendeu que qualquer solução para a crise no país vizinho deve ocorrer por meios pacíficos e diplomáticos.

Segundo relatos, o líder brasileiro afirmou que ele e Trump poderiam retomar o tema em outro momento, destacando que o governo do Brasil tem cobrado insistentemente a divulgação das atas eleitorais das eleições venezuelanas de 2024 — documento que ainda não foi apresentado pelo governo de Nicolás Maduro. Lula também teria informado que não mantém contato com o líder chavista desde a votação que garantiu a ele um novo mandato, sob acusações de fraude.

A situação política da Venezuela voltou ao centro das atenções internacionais após o comitê do Prêmio Nobel da Paz conceder, nesta sexta-feira (10), a honraria à opositora María Corina Machado, impedida de concorrer nas últimas eleições. O reconhecimento reacendeu o debate sobre violações democráticas no país.

Durante a ligação de cerca de 30 minutos, Lula aproveitou para solicitar a Trump a suspensão de tarifas comerciais impostas ao Brasil e o fim de sanções aplicadas a autoridades brasileiras, como a Lei Magnitsky, sem mencionar nomes específicos.

O tema venezuelano também foi tratado em setembro, quando o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu no Rio de Janeiro com o enviado especial de Trump, Richard Grenell. Na ocasião, Grenell relatou informações sobre a escalada da crise em Caracas.

A tensão na região aumentou nas últimas semanas, após os Estados Unidos declararem cartéis venezuelanos como organizações terroristas e deslocarem forças navais para a costa do país. Quatro embarcações suspeitas de envolvimento com o narcotráfico foram destruídas por ataques americanos, sem que Washington apresentasse provas concretas sobre o transporte de drogas. Caracas acusa o governo Trump de usar o combate ao narcotráfico como justificativa para desestabilizar o regime de Maduro e explorar as reservas de petróleo venezuelanas.

O governo Lula tem reiterado críticas às ações militares dos EUA na América do Sul. Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, o presidente defendeu o diálogo como caminho para resolver o impasse venezuelano e condenou o uso de força letal em situações fora de conflitos armados, alertando para as consequências humanitárias de intervenções estrangeiras.

A crise na Venezuela deve integrar as futuras conversas bilaterais entre Brasil e Estados Unidos. Na quinta-feira (9), o secretário de Estado americano, Marco Rubio, falou com o chanceler Mauro Vieira sobre a criação de um mecanismo de cooperação econômica e regional, que incluiria o tema venezuelano.

De acordo com integrantes do governo brasileiro, não há objeção à inclusão do assunto nas negociações. Contudo, o Planalto reforça que a posição do país seguirá pautada pelo respeito ao direito internacional e pela rejeição a medidas unilaterais que possam agravar a instabilidade na América do Sul.

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